O índice de disfunções e problemas de cunho psicológico não para de crescer em todo o mundo. Nos Brasil, os níveis são igualmente alarmantes — de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, o nosso país é o mais ansioso do mundo. A ansiedade é um problema muito sério e que, infelizmente, não afeta apenas os humanos, mas também os pets.
Atualmente, por serem considerados membros da família, nós humanos temos a tendência de humanizar os pets. O excesso de humanização pode causar uma dependência emocional tanto do animal quanto dos humanos, corroborando com problemas como a ansiedade e depressão nos bichinhos.
Hoje, portanto, falaremos sobre como lidar com um animal ansioso, como identificar os sintomas da ansiedade nos cães, como lidar com esse problema e muito mais. Boa leitura!
O que é a ansiedade canina?
A ansiedade é um problema que, como já falamos, afeta o emocional de pessoas e animais. É uma sensação constante de medo, de preocupação excessiva com o que vai acontecer. Nos humanos, a ansiedade pode estar relacionada a episódios específicos, como falar em público ou fazer uma prova importante, ou generalizados, com uma sensação constante de preocupação com situações da vida.
O mesmo é válido para os pets! A ansiedade deixa o cão sempre em estado de alerta e em constante estímulo de estresse. A longo prazo, isso torna-se extremamente nocivo para o organismo, pois afeta diretamente o funcionamento do sistema endócrino, desregulando-o, causando graves consequências a ele.
Quais são as causas desse problema?
Ok, já sabemos o que é a ansiedade em um cachorro! Mas, e agora? O que pode desencadear essa situação? Normalmente, a ansiedade é resultado da combinação de uma série de fatores. No entanto, podemos elencar os principais, para que você possa ficar de olho. Veja a seguir!
Mudanças no dia a dia
Cachorros são extremamente suscetíveis a alterações em suas rotinas. Por isso, qualquer tipo de mudança — desde a adoção de um novo pet à chegada de um bebê na família — pode gerar ansiedade. As razões são variadas, mas é importante saber que a instabilidade no cotidiano não é algo positivo para os cães.
Traumas
Muito comuns entre cães abandonados, os traumas também podem gerar uma ansiedade exagerada nos pets. Eles podem ser causados por vários motivos e os gatilhos — situações que relembram o momento estressante— são responsáveis por desencadear o problema.
Falta de interação com os tutores
Cães são seres extremamente sociais e, portanto, precisam de interação frequente com os humanos em seu lar. Os tutores, portanto, têm um papel fundamental para evitar o desenvolvimento da ansiedade em seus pets. Falaremos sobre esse tópico mais à frente.
Períodos longos de solidão
Outro assunto relacionado à falta de interação com os tutores é a ansiedade de separação, nome dado a uma série de sintomas caracterizados em animais que passam longos períodos sem companhia. Um cachorro sozinho por muito tempo não consegue se entreter ou desenvolver suas habilidades emocionais, o que é extremamente prejudicial, podendo causar outros problemas, como a depressão.
Perda de um membro da família
Está lembrado que falamos sobre a dificuldade do animal em aceitar mudanças na rotina? Outro problema muito frequente para os pets é a perda de um membro de sua família. A ausência do tutor amado ou de seu “irmãozinho” pet traz muita tristeza para o animal, que se sente ansioso por não compreender as razões para o “abandono”. Cabe aos outros membros da casa dar muito amor e carinho ao cão nesse momento.
Razões físicas
Por fim, temos as causas físicas, ou seja, a existência de doenças que acometem o organismo do animal. Doenças crônicas endócrinas, respiratórias, o uso de medicamentos, entre outros, podem desencadear períodos de ansiedade nos pets, fazendo com que a qualidade de vida e o bem-estar animal sejam afetados.
Quais são os sintomas de um cachorro ansioso?
Agora, chegou o momento de identificarmos quais são as manifestações clínicas desse problema. Elas podem ser tanto físicas quanto comportamentais e, por isso, falaremos brevemente sobre as mais frequentes. Dessa forma, você aprenderá a identificar a ansiedade muito mais rapidamente.
Agressividade
A agressividade é um dos principais sintomas da ansiedade nos cães e talvez o mais difícil de lidar. Cães agressivos acabam ficando mais isolados e a família, por medo, acaba por reduzir a interação com o mesmo, gerando cada vez mais episódios estressantes. Fique atento a sinais como rosnados, possessão por comida, ataques súbitos sem explicação e territorialismo excessivo. Esses são indicativos de que algo não está bem o animalzinho.
Postura submissa
A postura natural de um cãozinho emocionalmente saudável é sempre confortável e confiante. Por isso, a submissão (caracterizada, por exemplo, por um andar acanhado ou por abaixar quando o tutor for tocá-lo) é outro sintoma que pode estar ligado à ansiedade.
Falta de apetite
O que você faz quando se sente ansioso, come demais ou evita a cozinha a qualquer custo? Nos cães, normalmente, a resposta é a última. É muito comum que pets com ansiedade evitem as refeições e se sintam até mesmo nauseados devido às emoções exageradas. A inapetência é um sintoma presente em vários problemas, por isso é muito importante investigar sua origem realizando uma consulta veterinária.
Medos infundados
O medo é uma reação natural do emocional importante para a sobrevivência, deixando os animais alertas frente à uma situação de perigo. No entanto, quando ocorre sem uma razão aparente, é importante que o tutor observe a situação com mais atenção. Além disso, reduzir os estímulos negativos é outro ponto muito importante.
Lambedura excessiva das patas
Outro sintoma marcante do cachorro ansioso é a lambedura excessiva das patas. Seja por tédio ou para acalmar o próprio emocional, o animal começa a lamber a região de forma descontrolada. Muitas vezes esse comportamento compulsivo gera lesões importantes, como falhas de pelo e dermatites. Em casos graves, os pets podem começar a arrancar os pelos do corpo. Novamente, é importante verificar se a origem do comportamento não é dor.
Choros frequentes
Chorar é, para alguns cães, um comportamento completamente normal. No entanto, é muito importante que o choro não seja frequente ou excessivo. Caso note alguma alteração, fique de olho, especialmente quando eles ocorrem sem uma causa específica.
Ausência de relaxamento
O cão ansioso, de forma geral, possui uma posição mais rígida, desconfortável e dificilmente adormecerá de forma profunda. É fundamental conhecer bem o seu grande amigo para identificar mudanças sutis em seu padrão de sono e no posicionamento ao longo do dia. Fique de olho!
Mudança no ciclo do sono
Já que estamos falando sobre o sono, identificar alterações em seu padrão é, também, muito importante. Se o seu cãozinho passou a dormir de maneira diferente, em horários que antes não eram seguidos por ele, ou dorme menos do que antes, fique ligado. Todos esses são sinais de que algo pode estar acontecendo. Isso é ainda mais evidente se acontecer de forma súbita ao invés de progressiva.
Mudanças gerais de comportamento
Em síntese, é muito importante conhecer bem o jeitinho de seu cão e notar qualquer tipo de mudança comportamental. Cachorros gostam de uma rotina bem definida e não costumam apresentar atitudes fora do seu habitual. Por isso, esteja sempre de olho e, caso note qualquer coisa estranha, encaminhe seu bichinho ao veterinário.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico desse problema não é tão simples. Infelizmente, não há um exame que detecte a ansiedade, como acontece em doenças de origem física. No entanto, isso não significa que não seja possível chegar a um parecer sobre o assunto!
O médico veterinário responsável pelo caso coletará informações sobre os sintomas e manifestações comportamentais de seu cão. Depois, ele conduzirá uma série de testes e exames para eliminar as causas físicas, ou seja, doenças que possam estar causando tais sinais.
Se tudo estiver bem com a saúde de seu bichinho, as causas emocionais serão consideradas, estudadas e, eventualmente, diagnosticadas. No entanto, é preciso não ter pressa e estar sempre atento aos sinais que seu grande amigo passa para você!
Como lidar com um cachorro ansioso?
Agora que você já entende melhor sobre o problema em si, é hora de conversamos sobre o próximo passo: lidar com o cachorro ansioso e deixá-lo mais confortável. Vamos ver alguns cuidados com animais domésticos que podem ajudar!
Deixe ele circular
Confinar o animal a um único cômodo da casa não é uma boa ideia. Exceto em situações especiais (como após uma cirurgia ou durante a recuperação de alguma doença), é importante deixar o seu grande amigo circular pelo ambiente e explorar o próprio lar. Para evitar comportamentos indesejados, o adestramento canino é o melhor caminho a ser seguido!
Ofereça um ambiente tranquilo
Excesso de barulhos e movimentação pode ser um fator gerador de estresse para os cães, assim como acontece com os seres humanos. Por isso, é fundamental que o seu lar seja um ambiente tranquilo e estável para o animal.
Brinque bastante
Que criança não gosta de brincar? E, de certo modo, os cães são exatamente como pequenos seres humanos. Isso também vale para os idosos! Sendo assim, investir em brincadeiras diárias é algo essencial para estimular não só o lado emocional, mas também o mental. Esse cuidado evita uma série de problemas além da ansiedade, como o Alzheimer canino. Se perto da sua casa tem uma área externa onde brincar com cachorros, passear por lá pode ser uma boa ideia. Se não, existem brincadeiras que podem ser feitas em ambientes internos.
Invista em passeios
Passear é muito importante para o animal. Além de estimular a prática de atividades físicas (e, consequentemente, prevenir problemas como a obesidade e alterações cardiovasculares), esse hábito une o tutor ao animalzinho e libera a energia acumulada em seu organismo, deixando-o mais feliz e relaxado.
Esteja presente
A ansiedade de separação é, como já dissemos, um problema muito frequente para os animais que passam muito tempo sozinhos. Por isso, estar presente é fundamental! Mesmo em meio à rotina caótica que muitos de nós temos, é essencial separar um tempo para estar com seu grande amigo. Ter outro pet para acompanhá-lo ou contratar um Pet sitter, também são ideias legais!
Tenha uma rotina
Está lembrado que a rotina é um dos fatores mais importantes para a estabilidade emocional de seu cãozinho? Pois é! É extremamente importante oferecer um cotidiano estável para esse animal de estimação. Refeições em horários próximos a cada dia e passear sempre nos mesmos horários são boas dicas para deixá-lo à vontade.
Invista em treinamentos
O treinamento de cachorro é algo que pode ajudar bastante nos casos de ansiedade canina. Investir em um profissional altamente qualificado e que possa fazer um adestramento personalizado para o seu amigo é uma estratégia interessante de prevenção e tratamento, sempre em parceria com o médico veterinário.
Leve seu pet ao veterinário
Por fim, não podemos deixar de falar sobre a importância dos check-ups frequentes para garantir a saúde de seu pet e, claro, a prevenção da ansiedade. A frequência ideal será determinada por fatores como a idade e as necessidades de seu animal. Converse com o médico veterinário para descobrir qual é a recomendação para o seu cão!
Gostou de conhecer mais sobre os cuidados com um cachorro ansioso? Conhecer o seu pet é a melhor maneira de garantir que o diagnóstico de tais problemas seja feito de maneira precoce. Assim, é muito mais fácil lidar com essas questões e evitar que a ansiedade se transforme em problemas ainda mais graves, que afetem o organismo de seu amigo. Esteja sempre de olho!
E aí, já lidou com um cachorro ansioso ou está passando por isso agora? Então, conte para a gente sobre a sua experiência e converse com outros tutores sobre o assunto nos comentários abaixo! Além disso, sinta-se à vontade para mandar eventuais dúvidas e discutir suas respostas com quem entende do assunto!