A nossa relação com os animais de estimação está cada vez mais próxima. Compartilhando espaços e recebendo muita atenção, eles têm um lugar cativo no nosso coração. Porém, a tendência de humanizá-los traz diversos riscos à sua saúde, principalmente quando o assunto envolve doenças e tratamentos.
Por exemplo, digamos que você tenha percebido que seu gato está com dor. Com uma vontade genuína de ter cuidados com o pet, você pensa em dar a ele remédios que comumente temos na “farmacinha de casa”. O problema é que tal medicamento, inofensivo e eficaz para os seres humanos, pode ser fatal para o seu peludo.
Afinal, quais são os medicamentos que não podem ser dados aos animais de companhia? E quais são os cuidados com o pet que está doente? Falaremos sobre isso por aqui, então, acomode-se e faça uma boa leitura!
Por que não devemos dar remédios de humanos para animais?
Existe uma série de razões para você não dar os medicamentos fabricados para uso humano aos seus animais de estimação. A explicação mais rápida é que simplesmente esses remédios não foram desenvolvidos para eles.
Como mencionamos há pouco, existe uma tendência de as pessoas humanizarem seus pets, estendendo para eles sentimentos, hábitos e alimentos que são típicos da gente. Os problemas surgem quando esse comportamento causa danos à saúde dos animais. Hoje, muitos sofrem com doenças que nos acometem também, como diabetes, pressão alta, colesterol elevado, câncer e complicações renais.
Também é comum que as pessoas pensem que, por sermos todos animais (mamíferos, ainda por cima, como cães, gatos e coelhos), não haveria problema em administrar medicamentos de uso humano nos nossos peludos. Acontece, caro leitor, que esses remédios foram aprovados para comercialização após terem sido submetidos a análises clínicas específicas em seres humanos.
As medicações foram desenvolvidas levando em consideração os sintomas observados nas pessoas, bem como o nosso metabolismo e as reações adversas que podem causar no nosso organismo. Isso quer dizer que os mecanismos de ação, liberação, absorção e eliminação dos medicamentos são muito diferentes nos animais de companhia em comparação aos nossos.
Se a automedicação já é bastante problemática para a gente, você consegue imaginar o mal que pode ser causado aos animais que recebem remédios sem a devida prescrição de um médico-veterinário? Em muitos casos, dependendo do tipo de remédio e da espécie do pet que o toma, a primeira dose pode ser desastrosa.
Consequências da medicação inadequada
As consequências são variadas, abrangendo desde um simples episódio de vômito decorrente da irritação causada pelo comprimido no trato gastrointestinal até graves intoxicações, falência de órgãos e, também, óbito. Por mais que você queira apenas fazê-los dormir — como muita gente faz para transportar um gato, por exemplo —, é crucial prestar atenção nisso tudo e ter cuidados adequados com o pet.
Os cuidados com o cachorro idoso (bem como com os bichanos velhinhos) requerem também bastante cautela, já que eles apresentam um sistema imunológico mais debilitado. É bem normal, inclusive, que o quadro da doença que você queira tratar piore depois de medicar equivocadamente o seu parceiro.
Como sabemos que você se preocupa com o bem-estar dos animais e não quer que nada de mal aconteça aos seus peludos, separamos uma lista de medicamentos que não podem ser ministrados aos pets. Esse é o assunto do nosso próximo tópico.
Quais são os medicamentos que cães e gatos não podem tomar?
A maioria dos princípios ativos encontrados nos medicamentos humanos também são utilizados para fabricar remédios de uso veterinário, confundindo as pessoas. Porém, lembre-se do que falamos agorinha sobre os produtos serem desenvolvidos levando em conta as características fisiológicas dos seres humanos, não dos pets.
A indústria farmacêutica veterinária avançou muito, tanto que, hoje, é bem fácil encontrar medicamentos exclusivos para os animais em clínicas veterinárias, pet shops e estabelecimentos especializados. Esses itens são próprios para as particularidades deles — têm dosagem, revestimento, sabor, odor e formas de aplicação bem específicos.
Há muitos casos em que é permitido dar remédios de uso humano para pets, afinal, como dissemos, muitas das substâncias ativas são as mesmas. Contudo, é imprescindível que a prescrição tenha vindo de um médico veterinário.
A seguir, veja alguns dos medicamentos que você não deve dar ao seu pet. Atenção: separamos apenas os princípios ativos mais comuns das farmacinhas caseiras, ok? Mas tenha em mente tudo isso que conversamos para todos os produtos de uso humano. São eles:
- ácido acetilsalicílico — causa intoxicação grave, comprometendo seriamente pulmões, rins e fígado (seres humanos levam 4 horas para eliminá-lo do organismo, os gatos, por exemplo, levam 72 horas);
- paracetamol (ou acetaminofeno) — um comprimido pode ser fatal. Causa anemia, cianose, inchaço, falência do coração e do fígado;
- ibuprofeno — causa intoxicação, sintomas neurológicos, dificuldade respiratória, coma e morte;
- diclofenaco — altamente tóxico para os pets, causa anemia, úlceras gástricas, complicações hepáticas, inflamação no intestino, necrose nos rins e morte em poucas horas;
- lidocaína (ou xilocaína) — causa sensibilidade gastrointestinal, hipotensão e contração muscular;
- benzocaína (anestésico em forma de spray ou pomada) — estimula o sistema nervoso central, causando tremores, convulsões e parada respiratória;
- demais anti-inflamatórios — todos os anti-inflamatórios de uso humano são perigosos para os pets. O uso prolongado em humanos sobrecarrega os rins, e as dosagens altas em animais podem causar úlceras e falência de órgãos;
- antidepressivos (fluoxetina e paroxetina, por exemplo) — afetam os rins e o fígado, podendo comprometer o sistema nervoso dos animais;
- benzodiazepínicos (tranquilizantes e ansiolíticos) — provocam excitação e depressão respiratória.
Perceba que, nessa lista, também entrou um medicamento cuja apresentação é em spray ou pomada. Às vezes, pelo fato de o medicamento não ter sido ingerido, as pessoas pensam que não há problema em administrar localmente, por exemplo, se o pet está com displasia coxofemoral e sentindo dor.
Só que esses produtos também são absorvidos pela pele dos animais, provocando os mesmos efeitos que seriam observados se tivessem sido tomados via oral. Além disso, cães e gatos lambem qualquer coisa que a gente passe neles, então, muita cautela com esses produtos!
Outra coisa que não podemos deixar de mencionar é que muitos medicamentos usados em cães não podem ser aplicados (em hipótese alguma) em gatos. Normalmente, os gatos são mais sensíveis que os cachorros. Porém, o contrário também é verdadeiro, e muitos produtos fazem mal aos cães, mas têm efeitos menos severos em gatos.
Existem algumas características específicas mesmo dentro de uma mesma espécie, como o caso, por exemplo, da Ivermectiva, utilizada comumente para combater vermes e sarnas. Seu uso em raças como Collie, Border Collie e Pastor de Shetheland é extremamente proibido, pois nesses cães ela é muito tóxica. A dica é: sempre procure orientação profissional para medicar o seu pet!
Por que devemos consultar um veterinário antes de medicar o animal de estimação?
Essa pergunta pode parecer um tanto sem sentido, e a resposta para ela é bastante óbvia, mas vamos lá! Quando está doente, quem você procura? O padeiro? O arquiteto que desenhou a sua casa? O bancário que salvou a sua vida nos apertos financeiros? A moça simpática que guarda as melhores mudas da floricultura para você?
Nada disso, sabemos que você procura o médico. Além disso, provavelmente, vai atrás dos profissionais especializados naquela condição que está apresentando, certo? Com os animais, é a mesma coisa. Há pessoas que passaram anos estudando exclusivamente o organismo de diversas espécies para poderem tratá-las da forma mais adequada possível — essas pessoas são os veterinários.
Esses profissionais conhecem como ninguém a fisiologia dos cães, dos gatos e de muitos outros animais (de companhia, de criação e silvestres, inclusive). Isso quer dizer que eles sabem quais são os tratamentos mais indicados para cada espécie e levam em consideração as condições particulares de cada pet.
Os veterinários também conhecem as características intrínsecas das raças, já que muitos medicamentos causam reações diferentes, dependendo dessa variante. E se você está pensando que a medicina veterinária não tem áreas de especialização, está muito enganado!
Há veterinários especializados em neurologia, ortopedia, cardiologia, por exemplo. Outros se qualificaram para trabalhar unicamente com animais de grande porte (bovinos, equinos etc.) ou silvestres. Agora, digamos que o seu cachorro parou de andar. Sabia que existe fisioterapia para cachorros?
Pois é! São inúmeras especializações que o profissional pode ter para oferecer os melhores tratamentos e cuidados com o pet. Por que você arriscaria o bem-estar do seu peludo a outra pessoa que não tem os conhecimentos que o veterinário adquiriu com muito estudo?
Ah! E é bem importante lembrar-se daquele velho ditado: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco”. Não caia nessa e não pense que só porque um medicamento funcionou com o cachorro ou o gato da vizinha, ele vai ter o mesmo efeito no seu peludo. Com a saúde do seu pet não se brinca!
Quais são os cuidados que devemos ter com o pet?
Tutelar um cão, um gato ou qualquer outro animal de estimação requer bastante responsabilidade. Além dos cuidados gerais para todos eles, que dizem respeito à alimentação completa e balanceada, às boas condições de higiene do local que habitam e ao calendário de vacinação, você deve ficar atento a tudo que for específico para o seu pet.
Caso o seu parceiro esteja acima do peso, é importante elaborar um programa de reeducação alimentar, trocando a ração comum por uma menos calórica, por exemplo, além de incentivá-lo a ficar mais ativo, com brincadeiras e passeios.
Fora isso, lembre-se sempre de que, mesmo que eles sejam membros da sua família, ainda assim, continuam sendo animais, ou seja, não humanize os seus pets. Queremos dizer que eles merecem e precisam de cuidados especiais, então, sempre procure um especialista para orientar você sobre qualquer coisa que envolva a saúde e o bem-estar do seu parceiro, ok?
Outro detalhe muito importante aqui é: a maioria das pessoas leva os animais de estimação ao veterinário apenas quando eles estão doentes ou quando apresentam alguma disfunção. Contudo, a máxima “prevenir é melhor do que remediar” também vale para os peludos.
Acostume-se a levar os seus pets para visitas periódicas ao veterinário, especialmente se eles têm alguma condição de saúde que requer mais atenção. O profissional poderá acompanhar a saúde dos animais e monitorar a evolução do quadro clínico do peludo. O olhar atento e minucioso do veterinário indicará se é necessário fazer mudanças na rotina ou no tratamento.
Como escolher um bom veterinário?
Agora que você já sabe que deve ter cuidados diferenciados com o seu pet, deve estar se perguntando como encontrar um profissional que seja atencioso e qualificado para atender ao seu parceiro, acertamos? Pois bem, temos algumas dicas para dar a você.
Para escolher um bom veterinário, as nossas sugestões são as mesmas que seriam dadas caso você quisesse encontrar um bom médico para si. Busque indicações de pessoas da sua confiança, procure saber se o profissional se preocupa em manter-se atualizado, se tem boas referências na internet, se tem um site ou redes sociais com conteúdos informativos, etc.
Contudo, o mais importante é observar se ele costuma se atualizar, fazer cursos ou outras graduações que se somam aos conhecimentos da medicina veterinária, já que a área médica (seja a de humanos, seja a de animais) está em constante avanço. Além disso, lembre-se de procurar por um veterinário que seja especialista na área de que seu pet precisa de cuidados.
Então, como dissemos, se seu pet está obeso, por exemplo, converse com alguém da área da nutrição animal. Se ele está com problemas de locomoção, busque um profissional capacitado na área de fisioterapia e reabilitação, e assim por diante! Você também pode consultar o seu veterinário de confiança para que ele encaminhe o seu pet para um especialista, se for o caso.
Muito bem! Agora, você já sabe quais são os medicamentos que não pode dar ao seu animal de estimação. Seguindo esses e outros cuidados com o pet, você tem a certeza de que ele seguirá forte e saudável por muito tempo ao seu lado!
Acha que esquecemos algum medicamento importante? Já teve alguma experiência tensa com o seu peludo? Deixe um comentário no post e conte-nos como foi!